tag:blogger.com,1999:blog-3665773249371716272024-02-20T01:12:31.127-08:00.Unknownnoreply@blogger.comBlogger45125tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-38065176823329305292012-12-10T06:13:00.002-08:002012-12-10T06:16:13.791-08:00À minha morte e aos vivosEspero jamais saciar-me da vida<br />
Que martírio!<br />
Mas que dor ainda mais aguda<br />
Saber que direi que amo todos os que amo<br />
Que não restarão mágoas ou amores<br />
A razão do amanhã reside no desespero tranquilo
de saber que não lerei tudo aquilo que desejo<br />
E perderei infinitas primaveras em Paris<br />
<br />
Mas é enorme a minha alegria
de que sempre existirão mistérios<br />
A minha insaciável curiosidade<br />
O desconhecido adormecido no peito daqueles que amo<br />
A construção e desconstrução do que conheço<br />
A realidade inatingível<br />
E a verdade que nunca irei alcançar<br />
<br />
Morreria feliz se descobrisse que estava errada<br />
Que em toda a minha vida tomei senão decisões equivocadas<br />
Não partiria envergonhada, mas satisfeita<br />
<br />
Peço que não se lamentem<br />
Pelo que vivi ou pelo o que não vivi<br />
O tempo nunca foi pra mim nada além de consenso<br />
E quando não fizer mais parte dessa humanidade<br />
Nada mais me significará<br />
<br />
Não serei absurda e direi que não sofram<br />
Ou esperarei grandes homenagens<br />
Mas deixo nesses versos apressados<br />
O registro de que em vida, a morte foi para mim consolo<br />
<br />
Espero morrer com o copo de café pela metade<br />
O cigarro queimará no cinzeiro<br />
Com o amigo a me esperar no bar<br />
A roupa secando no varal<br />
E tudo seguindo seu cursoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-86192567141722809672011-11-15T13:51:00.000-08:002011-11-15T14:20:59.902-08:00Que prazer mais egoístaPouco sei do que digo<br />Quando me tens assim<br />E me olha que até fere<br />Da forma com que estou aberta<br />E me transpassa em exagero<br /><br />Essa explosão que me vem ao peito<br />Preciso que o tempo me ajude a filtrar<br />Toda emoção e pensamento<br />que enlaçados<br />não os sei distinguir<br /><br />Não se zangue se me falta respostas e razão<br />Me encontro em qualquer inspiração<br />Em meio a tanto sentimento que sufoca<br />Quando um escapa, me vem aos olhos<br />E me penso tão estúpida<br />Por saber: estava aqui o tempo todo<br />Eu sempre ocupada demais tentando sentir tudo ao mesmo tempo<br />Preciso encontrar nesses detalhes a que me apego<br />O ponto de encontro onde tudo nasce<br /><br />Vejo em você esse elo<br />Que se sobressai e me prova que a essência é a mesma<br />O que nos liga e me move<br /><br />O apego aos fatos<br />Ao que indubitavelmente é real e certo<br />Eles, você os filtra<br />Constrói pensamento<br />Faz a razão<br /><br />Não tenho em mim apego a qualquer realidade<br />Me distancio dos fatos<br />Vou de encontro às ideias<br />E a qualquer concepção que não seja minha<br />Confio a mim apenas o papel de absorver<br />E quando o momento vir<br />Talvez se misturem no meu interior<br />Encontrem o que quer que seja exclusivo do que sou<br />Se apresentam de forma clara<br />Só então encontro razão<br />Construindo elos no nem sempre se vê<br />Mantendo essa realidade instável<br />quase como forma de proteção<br />para desconstruir<br />Nesse processo eterno<br /><br />E tu, na tua forma contrária de viver<br />Desconstruindo toda realidade alheia a ti<br />Compreendendo o mecanismo de todas as partes para então ver o todo<br />E tomar então o real como coisa sólida<br /><br />Não vejo em que ponto esses processos convergem<br />E compreendem-se mutuamente<br />Mas é claro na forma quase invasiva com que me olhas<br />O que penso e a realidade insólida que me sustenta<br />Você os vê<br />Quiçá os compreende a parte da força com que nego à reflexão<br />Espero que fluam e que me venham sem esforços as respostas que irei negar<br /><br />Queria que soubesses<br />Que admiro esse mecanismo inverso<br />E a forma com que o apresenta<br />Tenho por você esse amor que sufoca<br />E que não posso achar de outra forma: não tem razão<br />Porque nenhuma das minhas razões<br />É sólida, ou grande o bastanteUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-89766836007107464072011-10-06T16:46:00.000-07:002011-10-06T17:06:31.926-07:00Que ironia<br />Deixar sem pesares que se aproxime assim<br />Tu, detentor sem culpas, de toda ruína ilusória <br />que poderia acometer-me<br /><br />Se me dilaceras ao menor dos toques<br />está aquém da minha vã compreensão<br />a respeito do sinto e me entrelaça<br />a razão do que me instiga<br />a buscar com tanta fome<br />que me tenhas cada vez mais<br /><br />O perigo! Não o sinto<br />Só há dele sombra<br />A me lembrar: a mão que afaga é a mesma que apedreja<br />Mas não causas pena a minha chaga<br />Nem há da ruína mais que ilusão<br />Ou ilusão maior que a felicidade que me enlaça<br /><br />Nenhuma das minhas concepções tem razão<br />O medo que me acomete<br />é fruto da ausência de pesares<br />com que me abro sem pestanejarUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-58498494528196475182011-09-30T17:03:00.000-07:002011-09-30T17:20:33.577-07:00Não tenho consciência do passar do tempo<br />Toda mediocridade me é alheia<br />Realidade alguma me é externa<br />Tudo é uno e faz sentido<br />O decurso natural flui para além de nós<br />Já não o vejo<br />Nada sei, ausento-me de explicação<br /><br />Não há maior verdade<br />ou metafísica<br />ou qualquer concepção grandiosa<br />que supra a dimensão<br />do que a sua proximidade faz-me compreender<br />Tudo é claro, simples e segue seu curso<br />Tudo é longínquo<br /><br />Ausente de você,<br />amo, perduro<br />mas não sou em plenitude<br />nem o quero<br />Me abstenho de controle<br />Todo sentimento e sentido, se antes latentes<br />escapam-me e não vejo por onde<br /><br />Meus escudos e proteção<br />Minhas barreiras sentimentais e aspirações<br />quiçá a ideia que de mim fazia<br />não as vejo<br />nem há delas cadáver<br />dissiparam-se<br />independentes de minha vontade ou ordem<br /><br />Quando se vai<br />Se ao acaso seu cheiro encontro guardado<br />Encontro-o por inteiro, em toda a unidade do teu ser<br />Ainda que em mim esteja<br /><br />Qualquer compreensão me parece banal <br />A individualidade que me constrói<br />As variáveis que me compõe e tudo o que sou em complexidade expoente<br />Harmonizam com o universo do que és<br />Me alcama o espírito<br />E traz qualquer paz interior que inquieta<br /><br />Nenhuma proximidade me é o bastante<br />Calor algum me sufoca<br />Amo para além da consciência das minhas limitações<br />Não racionalizo<br />Nego minha condição enquanto animal racional<br />Afirmo que sinto, que vivo, amo e que tudo tem razãoUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-5831742503639577252011-07-06T10:19:00.000-07:002011-07-06T14:01:43.372-07:00Ode à Augusto dos Anjos (e a o Lui!)Era mártir,<br />cega pelo individualismo ultrarromântico<br />não via aquém do maniqueísmo francês<br />que em prepotência sem precedentes<br />foi ainda prostituído<br />após quatro séculos de abuso<br /><br />Escapismo social faz-te alheia a ti<br />enxerga-te aos avessos<br />és incompreensível frente as dores<br />toda a sujeira que te renega<br />cospe-a devolta<br />Nega o pilar que te constrói<br /><br />És influenciável<br />não agente passivo<br />Escarras a boca que te beija sem propósito<br />Tu és o todo, animal social!<br />A moral que a prende é interna<br />Não há chave mitica que a livre dessas correntes<br />Aprisiona o próximo<br />Dais continuidade ao decurso natural das coisas<br /><br />Aceita tua pena,<br />cura tua chaga,<br />acende teu cigarro.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-53879514121117247532011-07-06T10:13:00.000-07:002011-07-06T10:26:29.955-07:00Poderia martirizar-me por toda a mediocridade devastadora<br />que me parece alheia<br />A ausência de propósito<br />sem o esforço de Pessoa<br />ou a razão de Schopenhauer<br />torna-se desprezível<br />E censurar a censura<br />é sentimentalmente sensato<br /><br />Se sou medíocre<br />o sou consciente<br />ausenta de mim toda definição<br />A razão esconde a solução de quaisquer mistério<br />condenar a ignorância é me negar a natureza<br /><br />Ó seres vis!, em qualquer que seja tua concepção de seu mesquinho sentido<br />Busco eu aprovação mítica da realidade que tenho por dentro?<br />Duvido do mitico e de toda divindade<br />Ponho a prova céu e terra<br />Desconfio o sentimento e o sentido<br />Equiparo-me ao mais estúpido ser em capacidade<br />Nego veementemente reflexões<br />Pouco importa-me a origem ou o final<br />Liberta-me da prepotência filosófica<br />que esta me enoja<br />e me cospe a cara hipocrisias<br /><br />A ignorância! Belíssima musa romântica!<br />Cega-me de amor!<br />Não me deixes ver<br />A impotência frente ao que a consciência não modifica<br />Não me deixes tomar conta das limitações que me impõe<br />Livrai-me de todo o mal!Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-52966616221621278282011-06-17T10:29:00.001-07:002011-06-17T10:29:51.901-07:00Um religião que modifica sua doutrina e o místico em prol de interesses econômicos não merece respeito. Enfia sua fé no cu.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-73256112144896880772011-06-07T19:06:00.000-07:002011-06-07T19:28:32.016-07:00SocialismA meter o troco na algibeira das calças<br />Deixando o lírico para trás<br />de tabacarias portuguesas<br />aquém do sonho, nada sou<br />Se há beleza nas idealizações<br />esta se encontra na ínfama parte que lhe é real<br /><br />Os moldes mundanos<br />dolosas transfigurações de pensamento<br />são senão mal necessário<br />dízimo que se paga a questionar<br />para expandir do particular ao coletivo<br /><br />Monstro mítico social<br />ainda que materno<br />somos escravos influenciáveis<br />E, se o somos, é por compartilhar<br />Não há margem de rio seca,<br />nem pode-se ser<br />sem opostos<br /><br />A complexidade das razões<br />emaranhadas em concepções de verdades indefinidas<br />perdidas na ausência de parâmetros<br />De tão intrínsecas,<br />não sois extarnalizáveis<br />A moral do todo as julga<br />mesmo carente de origens<br />digna, apesar de questionável<br /><br />Dentre a inconsistência<br />do que me é tangível<br />idealizar qualquer futuro<br />ou resgatar o que é passado<br />faz emergir senão o caos<br />E a infelicidade do presente ignorado<br /><br />É inútil embebedar idealizações<br />em sua própia essência semântica<br />se em tudo esta se faz presente<br />Afoguem o inconformismo<br />Nenhuma antecipação leva ao triunfo<br />Cousa alguma incita mais uma causa do que a opressão<br /><br />Por ora, calem-se!<br />O momento não veio<br />Permitam-me desfrutar<br />do sistema que me é convenienteUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-46116490738899317312011-05-02T13:06:00.001-07:002011-05-02T13:12:25.196-07:00Levem para longe qualquer ferida sábia<br />Não me falem em metafísica<br />ou questões existenciais inúteis<br />Quero que a ignorância me proteja<br />Lavar meus questionamentos na estupidez<br />Foda-se a verdade de Kant<br />E que morram virgens todos os NewtonsUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-42199576680125587012011-05-02T12:58:00.000-07:002011-05-31T19:56:32.098-07:00BeatrizEntre tantos copos quentes<br />com cafeína de menos<br />As noites que não vivemos<br />O quanto de nós escapou<br />Tanto de nós encontramos no caminho<br />Que resta do que fomos?<br />E de toda idealização que fizemos?<br /><br />Rodopiamos em vendavais,<br />sustentamos-nos<br />Fizemos dos excessos<br />uma constante de extremos<br />Buscamos o comum,<br />fomos pelo caminho errado<br /><br />Borramos nossos contornos<br />Os traçamos de volta, incertos<br />Tantas de você eu amei e se foram<br />Quantas virão<br /><br />Nossas saudades antecipadas<br />dos joelhos que ainda não debilitaram<br />Ridículas em essência<br />Clamam pela angústia<br />da qual estupidamente sentimos faltaUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-657005858542692022011-04-30T11:56:00.001-07:002011-04-30T11:57:55.970-07:00Literatura é senão contemplação da dor alheia, com externos do lado avesso. E o que dói por sentir e não viver, pode-se viver e não sentir, com todos os filtros humanos e poéticos de realidades contruídas.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-61513018285203953372011-04-30T11:47:00.000-07:002011-04-30T11:54:32.117-07:00Ao meu bem amado, os meus pêsames!<br />Não reivindico minha dor pela tua<br />Meu egoísmo é aquém qualquer sentimento<br />E se o seu pesar for maior que o meu,<br />esqueça-o!<br />Infeliz és tu se não queres que sofra <br />Há prazer no meu penar<br />conquanto não seja teu<br /><br />Adentrastes portas irreais do meu infinito<br />Enquanto distante, idealizou-me<br />Ainda que houvesse contentamento<br />na força com que me quis de volta<br />jamais o desejei<br />a melancolia a qual me submeteu<br /><br />Imponho a ti, portanto<br />o desconforto de evitar o meu mal<br />não recordo em momento algum<br />ter clamado proteção<br />Conforma-te com a dor da dor<br />Pois desta não abro mão<br />Assumo a máxima do meu altruísmo<br />como vêemente negação de sua existência<br /><br />Eu sou egoísta.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-25587491280737712312011-04-09T15:50:00.000-07:002011-04-09T16:00:30.603-07:00Cemitério vivoEra feito de uma profundidade tal que encantava<br />A qualquer um que não soubesse que era banal<br />e que aquele poço sem fundo era vã tentativa<br />de esconder sentimentalismo do mais puro<br /><br />Mas assim, perto demais para ver além<br />ou por completo<br />cega por excesso de claridade<br />verdade que se camufla no ambiente<br />tão real, desconhecidamente real, por dizer<br />se esconde a vista<br /><br />Quando a vontade de saciedade é maior que a fome<br />sugando sem pesares<br />abre-se frestas na alma<br />e o inconsciente é tamanho que não se nota<br /><br />Quem sabe se eu tivesse olhado para fora, pro lado<br />me embrigado do vinho que me trouxe<br />visto por dentro<br />espelhada em você por fora<br /><br />Que faço agora da história que tinha guardado para a outra semana?<br />As bolhas nos meus dedos feitas de concreto quente sem qualquer propósito<br />E qual elas poderiam ter?<br />Encontro-me em uma realidade tão palpável e absurda<br />que duvido do real<br />Estúpido como a roupa estendida no varal do cadáver súbito<br />que, se ainda molhada, o mesmo sol vai secar<br />e qualquer concepção de tempo deteriorar <br />como tudo o que podiamos ser<br />resta filtro para além do cigarroUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-90230730474343271382011-02-19T04:39:00.000-08:002011-02-19T04:40:32.369-08:00No sobrenatural e no tudo mais só consigo ver o desespero humano ao buscar vida para além de si.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-76804766444811741572011-02-19T04:35:00.000-08:002011-02-19T04:45:12.167-08:00Quando a dor do poeta é maior que a sua<br />Te lava a alma no que não viveu<br />ou não sentiu<br />E liberta de qualquer pensamento pelo excesso<br />Só o amor, a loucura e a dor expandem os universos individuais<br />O resto é maçada<br />a depender da perspectivaUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-32741538833756391712011-02-19T04:32:00.001-08:002011-02-19T04:32:38.866-08:00Escritos póstumos de paixões sem calorSentimentos intensos<br />os que beiram o insano<br />almas sem corpo ou propósito<br />nada são além de cadáveres adiados<br />de morte súbita<br />Não, não temo os extremos<br />nem os creio<br /><br />O efusivo me traz a lembrança quase doce da melancolia que deleita<br />do gosto que a vida deveria ter<br />o amargo do café<br />poesia, calor e loucura que humaniza<br />e me aquieta o espírito<br /><br />Quando nenhuma fumaça te embala<br />sobe essa vontade cruel de se afogar<br />Mas assim, seca, quente, viva<br />conusa e inquieta<br />Me perder em um infinito qualquer que não meu<br /><br />Com a alma enganada<br />sigo sem ter razão<br />lúcida pela verdade que nego<br />falha ao tentar retirar a máscara<br />da roupa suja do que fui<br />consolando-me na ideia de que todos os portos são iguais<br /><br />Me conformo em ter virado o rosto<br />ter forçado maçanetas sem chave<br />e ter atirado chaves irreais para o decurso das coisas<br />sem coragem de me jogar na roda<br />Depois de me habituar a dormir<br />no calor sufocante da respiração<br />de quem não quis descobrir a cara<br /><br />O meu amor brando e racional<br />deixa as marcas mais profundas<br />de um corte lente, feito com a calma da dor ausente<br />não a cicatriz branca<br />de um corte rápido com segundas intenções<br /><br />Com a alma sem entender<br />tento fazer de você o som que quero<br />ao tentar me livrar da imagem nítida do cheiro que tinhaUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-24061240083546277612011-02-10T11:32:00.000-08:002011-02-10T11:33:30.966-08:00Ai que ironia<br />Ouvir assim, da voz humana<br />mortal e incerta<br />justiça social<br />como ciência exataUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-57051721371672491452011-01-31T08:21:00.000-08:002011-01-31T08:48:12.847-08:00- Vês a moça de preto a mexer na algibeira das calças? A pouco deixou a mercearia... deve ter hoje quarenta anos.<br /> - Bem conservada.<br /> - Sim, era bonita. Quando nova, atraía os olhares dos moços de frete. Dizem que ficou louca.<br /> - A loucura pode ser libertadora em alguns casos..<br /> - E que caso infeliz foi o dela! Apaixonou-se por um conhecido meu, lembro-me bem da surpresa de todos. Era um sujeito bem apessoado, porém nada mais. Foi fácil para ela, naquele tempo, atrair sua atenção. Mas nada durou e ele logo se desencantou.<br /> - Fez a moça alguma coisa?<br /> - Já ouvi que sim, mas foi tempos depois do ocorrido e ele nada sabia a época. Sei que a deixou por falta de calor.. foi uma semana cruel. A preta que a segue bateu na minha porta em uma madrugada, disse-me que sua senhora estava aos prantos e era preciso tomar providência. Levei-a até a rua do ouvidor, perto de um bar que frequentava e falei para perguntar ao dono, que este deveria saber o paradeiro do meu conhecido. Quem sabe vendo as lágrimas da moça ele não mudava de ideia?<br /> - E a criada o encontrou?<br /> - Não, ele ficou uns tempos sumido, parecia mesmo querer evitá-la. Ouvi boatos que, de tão doentia era a paixão da mulher, encontraram-na certa vez na hospedaria da esquina, com a corda no pescoço. Foi a polícia que a tirou de lá.<br /> - Seu conhecido nada fez?<br /> - Não. Conforme ela ficava mais obsessiva, ele foi criando asco. Cerca de dois anos depois, não podia vê-la passar que gritava todo tipo de ofensa e palavras de baixo calão. A pobre só baixava os olhos, ás vezes apertava o passo para encurtar a situação. Tentei persuadi-lo a mudar essa postura, mas de nada adiantou. Cheguei mesmo a pedir para minha mulher visitá-la, que talvez um pouco de companhia lhe fizesse bem. Mas voltou logo para casa e jura que a viu conversando com a chaleira. Sabes bem como é minha esposa, se deleita em aumentar qualquer boato, o que põe em dúvida a veracidade da informação. Desde então, sempre que vejo a moça passar me sobe essa angústia, queria poder fazer alguma coisa.<br /> - Sabe, aconteceu-me um caso parecido quando ainda era moço. Me apaixonei por uma senhora casada e com ela tive um romance, mas, passado um tempo, condenei-a pela infidelidade e infernizei a vida da pobre de todas as formas que pude. Só parei depois que perdi as estribeiras e dei-lhe um tapa na cara. Por várias vezes, quando minha mãe ainda era viva e eu ia a Minas para vê-la, via essa senhora passar no bonde e tinha vontade de pedir perdão, mas não tinha coragem. Mesmo assim, sempre que vou a igreja e me recordo dela, o que não acontece quase nunca, devo confessar, rezo para que esteja bem. Da próxima vez que ver essa moça, diga que tanto desprezo assim, não passa de amor enrustido, coisa de sujeito muito novo com a alma confusa, que ela há de se sentir melhor.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-26009820960030681572011-01-24T07:31:00.000-08:002011-05-31T20:01:41.856-07:00Lui!Todo mundo morre, mente, sente <br />Toda carne é fraca<br />Pela única grande razão de ser - carne<br />E cheiros e pele e poeira e lágrimas inconsoláveis<br /><br />Não faz assim, meu amor<br />A morte é consequência irremediável da vida<br />Essa sim machuca e dilacera<br />Se eu morresse amanhã<br />me consolaria em saber<br />tu ainda estarias aqui depois de amanhã <br />E o mesmo sol iria se por <br />sem meus melodramas cheirando a café<br /><br />Essa sua mistura<br />música, silêncio, excessos e conhaque com laranja<br />e a vontade de viver e correr e amar doentia<br />te anulam essa amargura, faz doce de beber<br />Mas sempre me deixa meio tonta<br />todo esse sentimentalismo exposto, latente<br />E tonta, meu amor, eu não sirvo para nada.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-42983601738672980512011-01-16T09:34:00.000-08:002011-01-16T09:43:37.238-08:00"Se eu morrer novo,<br />Sem poder publicar livro nenhum,<br />Sem ver a cara que têm meus versos em letra impressa,<br />Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,<br />Que não se ralem.<br />Se assim aconteceu, assim está certo<br /><br />Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,<br />Eles lá terão sua beleza, se forem belos.<br />Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,<br />Porque as raízes podem estar debaixo da terra<br />Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.<br />Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.<br /><br />Se eu morrer novo, oiçam isso:<br />Nunca fui senão uma criança que brincava.<br />fui gentio como o sol e a água,<br />De uma relião universal que só os homens não têm.<br />fui feliz porque não pedi cousa nenhuma,<br />Nem procurei achar nada,<br />Nem achei que houvesse mais explicação<br />Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.<br /><br />Não desejei senão estar ao sol ou à chuva -<br />Ao sol quando havia sol<br />E à chuva quando estava chovendo<br />(E nunca a outra cousa)><br />Sentir calor e frio e vento,<br />E não ir mais longe.<br /><br />Uma vez amei, julguei que me amariam,<br />Mas não fui amado.<br />Não fui amado pela única grande razão -<br />Porque não tinha que ser.<br /><br />Consolei-me voltando ao sol e à cuva,<br />E sentando-me outra vez à porta de casa.<br />Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados<br />Como para os que não são.<br />Sentir é estar distraído."Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-76532944370573579912011-01-02T16:16:00.000-08:002011-01-03T12:14:48.455-08:00Me perdi nos meus propósitos<br />Encontrei-me desesperada a empurrar a existência e o tudo mais<br />nessa estrada de nada <br />por onde tencionei caminhar<br /><br />Não possuo desejos ou aspirações<br />nem a lucidez que pensei que conquistaria<br />quando me despisse do querer<br /><br />Amei e não fui amada<br />pensei que jamais o fosse<br />joguei fora todo o meu afeto e me amaram mesmo assim<br />Aceitei então a árdua tarefa de me desfazer do meu orgulho<br />e poder assim amar a quem fosse<br />mas os que não viram o meu esforço não quiseram meu amor<br />nem fizeram questão de recusá-lo como favor<br />apesar de ter declamado que prefiro a aversão direta à indiferença<br /><br />Presa nessa infelicidade de dor branda<br />senti saudade de ser amada e não amar<br />quis voltar atrás e não pude<br />Deito então na minha cama e o todo quarto é impregnado pelo odor azedo do tabaco<br />que fumei quando tencionava escrever estes versos<br />Desejo que da próxima vez que tenha um propósito, que este seja mais simples<br />E sorrio contente<br />por ainda desejarUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-87893323649465692942010-11-22T00:19:00.000-08:002011-01-03T12:18:54.457-08:00O tempo que hei sonhado<br />Quantas vidas por mim passaram!<br />Na utopia, que me mantinha, <br />estava eu despida de afetos<br />A ausência de propósito aquietaria<br />Ao invés de me trazer essa agonia<br />E eu, nua, livre de qualquer humanidade<br /><br />Eu, jovem, sem passado ou futuro<br />Eu, frágil, insuportável em minhas falácias<br />jamais seria amada<br />Eu não seria corrompida por sentimentos<br />ou perspectivas e reivindicações<br />Não tomaria resoluções afirmativas<br />Eu, livre<br /><br />A mesma flor que ao sol floresce<br />Ao sol seca<br />Assim como todos os sonhos da menina <br />que mora na rua de trás quebraram-se<br />(Sim, Esteves! A pouco se casou, sim.<br />Em uma folha de jornal)<br />Queimaram minhas aspirações<br />Mas ninguém lamentou<br />ou ao enterro compareceu<br /><br />Nunca conheci quem tivesse me virado a cara<br />Porém não me olharam<br />Ao atirar minhas verdades na lama<br />Venham, me contestem!<br />Clamem pela morte das minhas feras<br />Contudo<br />por favor não contem<br />A insignificância que Édipo não me deixa ver<br /><br />Todas as feras míticas que criei<br />Não as inventei, não, mas as cuidei como se fossem minhas filhas<br />de mim já não fazem parte<br />Conservo velhos costumes<br />Na minha ilusão e memória<br />me transformaram, eu lírico, em algo sem idade<br />Por direito me declaro suficientemente idosa<br />para alguns deles incorporar permanentemente<br />no meu eu metamórfico<br />Ainda que sejam todos nada além de externos,<br />imagens sem som.<br /><br />Portanto não se sinta repelido<br />Gosto de ti tanto quanto me queres bem<br />Quando ao fim chegar minha mutação<br />Verás o quão calorosa<br />e munida de afetos eu sereiUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-60149965591936105022010-11-09T18:55:00.000-08:002010-11-11T16:01:39.902-08:00Toda revolução deveria ser feita de beleza.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-53268347135516094672010-11-08T18:09:00.000-08:002010-11-11T16:05:22.330-08:00Sou humana e maleável<br />Me adapto a qualquer situação e dor<br />Mas contestar minha moral<br />De dentro, não de fora<br />Que catástrofe!<br />Absurdo é torturar minha chaga<br /><br />Ainda és externo<br />E vens assim<br />Sem reivindicar, sem doer<br />Me separar de minha quimera<br /><br />A liberdade de valores que procuro<br />esta que deveria me virar para mim<br />A mostrar que essa face vil<br />no seu sentido literal e podre<br />é tão benévola quanto qualquer outra<br /><br />Não fere meu orgulho<br />Não me fere sem tormento<br />A dizer que me queres<br />Enquanto sou metamorfoseUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-366577324937171627.post-88181994709878728752010-10-20T11:30:00.000-07:002011-03-02T15:39:43.076-08:00Boulevard of broken greenMúsica<br />Antes de ser silêncio<br />No meu infinito, antes de ser<br />Mutante que me afoga<br /><br />Desconhecido a afagar meus cabelos<br />Vivendo de outras ideias<br />Hipocrisias que me sustentam<br /><br />Os anos passaram<br />O papel corta, seus sonhos também<br />Sonhos de celulose<br /><br />Queria segurar sua mão com as minhas palavras<br />Seu braço, tudo<br />Antes do meu cigarro queimar seu pedido para a sua cama<br />Bebendo do seu vinho melhor que o meu<br />A me arrepender do meu amor melhor que o seu<br /><br />Você é só música<br />É silêncio e movimento<br />Eu sou real<br />remediavelmente real<br /><br />Fica por perto, não me incomoda<br />Deixa eu fazer a minha adolescente feliz<br />Ela gostaria de lhe ver<br />Doze anos, tanto faz<br />Aquela não era sua filha<br />A maquiagem do meu olho escorre até os lábios, mas você não vê<br />Não é você, só sombra<br />Ninguém vê, nem se importa<br /><br />Meu sarcasmo ri<br />O ridículo soa como endorfina quase sempre<br />(E essa talvez seja sua ideia)<br />Tem uma menina bêbada do meu lado<br />Diz com a voz embargada que você partiu o coração dela<br />Acho que você me respondeu que havia crianças te pertubando<br />Me desculpa, eu não sintonizei minha audição hoje<br />Ela não teve as mesmas chances que eu<br />Mas me trouxe aqui hoje, não irei esquecer<br /><br />Vou tragando o ar e a fumaça devagarinho<br />Saboreando a minha desilusão e lucidez<br />Enquanto o tempo me permitir, fumarei meu cigarro<br />lento me embrulhando<br />Como o som dos seus dedos fez um dia<br /><br />Ah, quando tempo!<br />E o mundo, quem sabe, era igual<br />Porra! Não muda nada<br /><br />Se talvez o sentido que você me deu<br />fizesse sentido pra você<br />Se os meus pés não doessem tanto<br />E o efeito do meu cigarro nas suas cabeças<br />não me causasse tanto asco<br />Então foda-se. Eu continuaria a nada ser<br />Incapaz de transformar a minha ausência de mim mesma<br />Em algo que não fizesse parte de vocêUnknownnoreply@blogger.com0