quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sobre exclusividade

Não tenho motivos
(nunca os tive, talvez)
Certezas me causam repulsa
Não sou
Sou feita de negações

Meu desejo é paradoxal
Minha liberdade é não querer
Me disseram que é falta de perspectiva
Sabino diria que estou aberta
em uma dualidade minha para mim
quem eu sou é tão intrínsico
que perdi quem quero ser
Pessoa diria que sou como Deus
(Fernando, chocolates ainda são minha metafísica)

O eu-lírico da menina da rua defronte
também é masculino
Se me chamasse Eduardo
usaria uma cadeira de rodas
e resolveria o meu problema.

Da Vanguarda Popular Revolucionária
me diriam que não esperar nada da vida
é uma forma de viver

Ah, doce Dulce!
Poderia admirar-te
Se uma dulce vida tomada
não tivesses escondido
Se ao acaso, algum dia
cortares por fim (e ao todo)
essas raízes marxistas
lhe darei um beijo

Vocês revolucionários e seus extremos
Não, Karl não foi utópico
foi senão exagerado
(Agenor, me perdoe
protegi teu nome por amor)
injusto, ao meu ver
Não que importe o que vejo
afinal, além de córnea irregular
grito em silêncio

Todas essas imposições
pouco me importa se bem intencionadas
me castigam a alma, sem descanso
Não, não faço reivindicações
Se um dia baterem as portas da justiça
mas o visitante, arrependido, jamais for visto
Então minha sanidade terá me puxado pela mão

Que sei eu do que é certo?
Eu, que nada sei, não poderia dizer o justo
Não me imponho a ninguém
se alguém algum dia afetei
foi porque deixaram a porta aberta
sem tempo de me levarem embora