sábado, 9 de abril de 2011

Cemitério vivo

Era feito de uma profundidade tal que encantava
A qualquer um que não soubesse que era banal
e que aquele poço sem fundo era vã tentativa
de esconder sentimentalismo do mais puro

Mas assim, perto demais para ver além
ou por completo
cega por excesso de claridade
verdade que se camufla no ambiente
tão real, desconhecidamente real, por dizer
se esconde a vista

Quando a vontade de saciedade é maior que a fome
sugando sem pesares
abre-se frestas na alma
e o inconsciente é tamanho que não se nota

Quem sabe se eu tivesse olhado para fora, pro lado
me embrigado do vinho que me trouxe
visto por dentro
espelhada em você por fora

Que faço agora da história que tinha guardado para a outra semana?
As bolhas nos meus dedos feitas de concreto quente sem qualquer propósito
E qual elas poderiam ter?
Encontro-me em uma realidade tão palpável e absurda
que duvido do real
Estúpido como a roupa estendida no varal do cadáver súbito
que, se ainda molhada, o mesmo sol vai secar
e qualquer concepção de tempo deteriorar
como tudo o que podiamos ser
resta filtro para além do cigarro

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