sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Não tenho consciência do passar do tempo
Toda mediocridade me é alheia
Realidade alguma me é externa
Tudo é uno e faz sentido
O decurso natural flui para além de nós
Já não o vejo
Nada sei, ausento-me de explicação

Não há maior verdade
ou metafísica
ou qualquer concepção grandiosa
que supra a dimensão
do que a sua proximidade faz-me compreender
Tudo é claro, simples e segue seu curso
Tudo é longínquo

Ausente de você,
amo, perduro
mas não sou em plenitude
nem o quero
Me abstenho de controle
Todo sentimento e sentido, se antes latentes
escapam-me e não vejo por onde

Meus escudos e proteção
Minhas barreiras sentimentais e aspirações
quiçá a ideia que de mim fazia
não as vejo
nem há delas cadáver
dissiparam-se
independentes de minha vontade ou ordem

Quando se vai
Se ao acaso seu cheiro encontro guardado
Encontro-o por inteiro, em toda a unidade do teu ser
Ainda que em mim esteja

Qualquer compreensão me parece banal
A individualidade que me constrói
As variáveis que me compõe e tudo o que sou em complexidade expoente
Harmonizam com o universo do que és
Me alcama o espírito
E traz qualquer paz interior que inquieta

Nenhuma proximidade me é o bastante
Calor algum me sufoca
Amo para além da consciência das minhas limitações
Não racionalizo
Nego minha condição enquanto animal racional
Afirmo que sinto, que vivo, amo e que tudo tem razão

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